Explosivo ou surto
Madrugada de tensão no Rodoanel: motorista de caminhão é feito refém e causa interdição de 16 km na Grande São Paulo
Cidades
Uma madrugada de medo e mistério tomou conta do Rodoanel Mário Covas, na Grande São Paulo, nesta quarta-feira (12). Um motorista de caminhão que seguia viagem desde o Acre acabou se tornando o centro de uma operação policial que mobilizou helicópteros, equipes do Gate e bloqueou completamente a pista externa do quilômetro 44 — um trecho que amanheceu tomado por sirenes e incerteza.
De acordo com informações da Aresp, agência responsável por regular o transporte rodoviário no estado, o motorista teria sido vítima de um assalto por volta das 4h da manhã. Aos agentes, ele relatou que criminosos colocaram explosivos no veículo e o obrigaram a permanecer dentro da cabine, sem se mover.
A concessionária SPMAR, que administra o trecho, informou que recebeu o chamado de socorro às 5h25. O caminhoneiro contou que havia sido sequestrado e ameaçado de morte, pouco tempo depois de deixar a rodovia Régis Bittencourt com destino a São Bernardo do Campo.
Quando as equipes chegaram, encontraram o homem imóvel, de braços cruzados, dentro do caminhão — o para-brisa estava quebrado, e o silêncio tomava conta do local. O Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) foi acionado, e o helicóptero Águia da Polícia Militar passou a sobrevoar a região, enquanto as pistas eram bloqueadas.
No entanto, à medida que as horas passavam, uma nova linha de investigação começou a surgir. Fontes da Polícia Militar afirmam que há a possibilidade de o motorista estar em surto, o que explicaria o comportamento confuso e o medo extremo relatado por ele.
Enquanto o trabalho das forças de segurança avançava, o congestionamento se estendia por mais de 16 quilômetros. Motoristas que tentavam seguir viagem ficaram parados por horas, sem saber exatamente o que estava acontecendo — apenas viam de longe as luzes vermelhas e azuis piscando, cortando o nevoeiro da manhã paulista.
A cena, que mais parece saída de um filme policial, serve de alerta para os perigos enfrentados nas estradas brasileiras — um misto de violência, solidão e tensão que acompanha tantos motoristas que cruzam o país levando o sustento nas carretas.
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Cidades
Filhote jogado no lixo é salvo por garis e comove moradores de Rondonópolis
Em Rondonópolis, onde as histórias do dia-a-dia se cruzam com a correria da cidade grande e a simplicidade de bairro, uma cena triste amanheceu falando mais alto que o barulho dos caminhões de coleta. Um filhote de cachorro, pequeno demais para entender a maldade do mundo, foi encontrado dentro de um saco de lixo, prestes a ser triturado junto com os resíduos da manhã.
A cena aconteceu nesta sexta-feira (09), no bairro Alfredo de Castro. Os coletores faziam a rotina de sempre — aquele trabalho duro e indispensável — quando um barulho diferente chamou atenção. Um chorinho abafado, tímido, insistente, vinha de uma das sacolas deixadas na calçada.
Antes de lançar o saco para dentro do caminhão, um dos garis decidiu conferir. E ali, escondido entre restos de comida e embalagens, estava o filhotinho, assustado, tremendo, mas vivo.
Uma vida inteira jogada fora — literalmente — mas recuperada pela sensibilidade de quem trabalha todos os dias lidando com aquilo que a cidade descarta.
O animal foi retirado às pressas, limpo e acolhido pelos próprios coletores, que interromperam o serviço para garantir que o pequeno tivesse ar, água e um pouco de carinho.
A equipe relatou que, se o caminhão já estivesse em movimento, não daria tempo para o salvamento.
O resgate emociona porque revela o contraste de dois extremos: alguém que descartou uma vida como se fosse lixo, e trabalhadores que, mesmo com a rotina exaustiva e o relógio correndo, escolheram proteger o indefeso.
O caso reacende debates antigos, mas sempre necessários, sobre maus-tratos e abandono de animais em Rondonópolis. Em uma cidade que cresce rápido, ainda é comum ver cães e gatos sendo deixados para trás — alguns encontrados em caixas, outros amarrados em terrenos vazios, e, como hoje, dentro de sacos de lixo. Cada história carrega um pedido silencioso por mais humanidade.
O filhote, que por pouco não teve a vida interrompida, agora está sendo acompanhado pelos profissionais que o resgataram. A intenção é que ele receba atendimento veterinário e, em seguida, seja encaminhado para adoção responsável — longe de qualquer risco e perto de quem entenda o valor de cuidar.
Enquanto isso, fica o apelo à população: maus-tratos são crime, e não existe justificativa para este tipo de crueldade. Denunciar pode salvar vidas — literalmente.
Hoje, no meio da pressa da cidade, três garis pararam o mundo por alguns minutos para ouvir um pedido de socorro que quase passou despercebido.
E graças a eles, Rondonópolis ganhou não só um resgate, mas um lembrete poderoso: ainda existe gente que escolhe o lado certo da história.


