Vereador cassado
Vereador Gilson Souza é cassado em Pedra Preta após chamar prefeita de “cadela no cio”
Cidades
Por 8 votos a 2, o vereador Gilson José de Souza, conhecido como Gilson da Agricultura, teve o mandato cassado na tarde desta quarta-feira, em sessão decisiva da Câmara Municipal de Pedra Preta (MT). O julgamento encerra um dos episódios mais tensos da política recente do município, marcado pela repercussão nacional da ofensa proferida pelo parlamentar contra a prefeita Iraci Ferreira de Souza.
O insulto que desencadeou a crise
A crise começou quando, durante uma sessão ordinária, Gilson atacou a prefeita com uma expressão de cunho ofensivo e sexual, dizendo que Iraci estaria “como uma cadela no cio”. A fala, considerada misógina e degradante, chocou servidores, moradores e autoridades estaduais, que rapidamente classificaram o episódio como violência política de gênero.
A Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), parlamentares estaduais, lideranças partidárias e representantes de entidades de defesa das mulheres se posicionaram firmemente contra o vereador.
Cinco pedidos de cassação e processo por quebra de decoro
Ao menos cinco pedidos de cassação foram protocolados logo após o episódio. A Câmara instaurou uma Comissão Processante para apurar a conduta do vereador e, após semanas de análise, concluiu que Gilson havia violado frontalmente o decoro parlamentar ao utilizar linguagem ofensiva, de caráter pessoal e incompatível com a dignidade do cargo que ocupava.
O relatório final recomendou a cassação com base no Decreto-Lei 201/1967, que trata das responsabilidades e punições aplicáveis a agentes políticos municipais.
O dia do julgamento
Na sessão realizada hoje, os vereadores se reuniram para votar o parecer final. O clima foi tenso desde o início, com cidadãos acompanhando atentamente a decisão que definiria o futuro político de Gilson.
O placar foi claro:
✔️ 8 votos pela cassação
❌ 2 votos contrários
Com o resultado, o vereador perde o mandato e está afastado imediatamente de suas funções no Legislativo de Pedra Preta.
Marco contra a violência política de gênero
A cassação é vista por entidades e especialistas como um marco importante na luta contra a violência política de gênero em Mato Grosso. A punição também reforça os limites do discurso político, deixando claro que ataques pessoais e de cunho sexual, especialmente contra mulheres na vida pública, não serão tolerados.
E agora?
Com a saída de Gilson Souza, a Câmara deve convocar o suplente para assumir a vaga nos próximos dias. Já a prefeita Iraci segue recebendo manifestações de apoio, enquanto o episódio reacende debates sobre respeito institucional, misoginia e o papel das câmaras municipais no enfrentamento à violência política.
https://www.youtube.com/live/nVhVjWvlciE?si=qacJHv-l4VCXEB-C
Cidades
Filhote jogado no lixo é salvo por garis e comove moradores de Rondonópolis
Em Rondonópolis, onde as histórias do dia-a-dia se cruzam com a correria da cidade grande e a simplicidade de bairro, uma cena triste amanheceu falando mais alto que o barulho dos caminhões de coleta. Um filhote de cachorro, pequeno demais para entender a maldade do mundo, foi encontrado dentro de um saco de lixo, prestes a ser triturado junto com os resíduos da manhã.
A cena aconteceu nesta sexta-feira (09), no bairro Alfredo de Castro. Os coletores faziam a rotina de sempre — aquele trabalho duro e indispensável — quando um barulho diferente chamou atenção. Um chorinho abafado, tímido, insistente, vinha de uma das sacolas deixadas na calçada.
Antes de lançar o saco para dentro do caminhão, um dos garis decidiu conferir. E ali, escondido entre restos de comida e embalagens, estava o filhotinho, assustado, tremendo, mas vivo.
Uma vida inteira jogada fora — literalmente — mas recuperada pela sensibilidade de quem trabalha todos os dias lidando com aquilo que a cidade descarta.
O animal foi retirado às pressas, limpo e acolhido pelos próprios coletores, que interromperam o serviço para garantir que o pequeno tivesse ar, água e um pouco de carinho.
A equipe relatou que, se o caminhão já estivesse em movimento, não daria tempo para o salvamento.
O resgate emociona porque revela o contraste de dois extremos: alguém que descartou uma vida como se fosse lixo, e trabalhadores que, mesmo com a rotina exaustiva e o relógio correndo, escolheram proteger o indefeso.
O caso reacende debates antigos, mas sempre necessários, sobre maus-tratos e abandono de animais em Rondonópolis. Em uma cidade que cresce rápido, ainda é comum ver cães e gatos sendo deixados para trás — alguns encontrados em caixas, outros amarrados em terrenos vazios, e, como hoje, dentro de sacos de lixo. Cada história carrega um pedido silencioso por mais humanidade.
O filhote, que por pouco não teve a vida interrompida, agora está sendo acompanhado pelos profissionais que o resgataram. A intenção é que ele receba atendimento veterinário e, em seguida, seja encaminhado para adoção responsável — longe de qualquer risco e perto de quem entenda o valor de cuidar.
Enquanto isso, fica o apelo à população: maus-tratos são crime, e não existe justificativa para este tipo de crueldade. Denunciar pode salvar vidas — literalmente.
Hoje, no meio da pressa da cidade, três garis pararam o mundo por alguns minutos para ouvir um pedido de socorro que quase passou despercebido.
E graças a eles, Rondonópolis ganhou não só um resgate, mas um lembrete poderoso: ainda existe gente que escolhe o lado certo da história.