A Cop do Diesel
Na COP30, o futuro é verde. O diesel também.
Cidades
Belém está de portas abertas para o mundo na COP30, a conferência que promete salvar o planeta, redefinir o futuro energético e, claro, inspirar discursos emocionados sobre sustentabilidade. Tudo isso embalado por nada menos que 160 geradores a diesel — sim, diesel mesmo, aquele cheirinho clássico de progresso dos anos 80 que muitos acreditavam ter ficado no passado.
É quase poético: líderes globais debatendo sobre a urgência da transição energética, enquanto o ronco afinado dos geradores ecoa nos bastidores. Se alguém fechar os olhos, vai até se sentir num rally ecológico: poeira, fumaça e muita adrenalina climática.
Mas calma, é tudo por uma boa causa. Segundo os organizadores, trata-se de uma “solução temporária”. Afinal, nada mais temporário que um investimento generoso em combustíveis fósseis durante o maior evento ambiental do planeta — tradição é tradição, né?
Moradores locais, já acostumados com apagões e promessas, olham para essa frota de geradores com aquele sorriso confuso de quem não sabe se ri, se protesta ou se pergunta quando é que a energia limpa chega de verdade. Enquanto isso, os visitantes internacionais recebem uma aula prática sobre o funcionamento da economia brasileira: improviso, criatividade e muito diesel para não deixar a peteca — nem o planeta — cair.
No fim das contas, a COP30 já começou deixando uma mensagem poderosa: o futuro é sustentável, mas o presente ainda precisa de um empurrãozinho… ou 160. Porque, no Brasil, até a transição energética tem jeitinho.
Cidades
Filhote jogado no lixo é salvo por garis e comove moradores de Rondonópolis
Em Rondonópolis, onde as histórias do dia-a-dia se cruzam com a correria da cidade grande e a simplicidade de bairro, uma cena triste amanheceu falando mais alto que o barulho dos caminhões de coleta. Um filhote de cachorro, pequeno demais para entender a maldade do mundo, foi encontrado dentro de um saco de lixo, prestes a ser triturado junto com os resíduos da manhã.
A cena aconteceu nesta sexta-feira (09), no bairro Alfredo de Castro. Os coletores faziam a rotina de sempre — aquele trabalho duro e indispensável — quando um barulho diferente chamou atenção. Um chorinho abafado, tímido, insistente, vinha de uma das sacolas deixadas na calçada.
Antes de lançar o saco para dentro do caminhão, um dos garis decidiu conferir. E ali, escondido entre restos de comida e embalagens, estava o filhotinho, assustado, tremendo, mas vivo.
Uma vida inteira jogada fora — literalmente — mas recuperada pela sensibilidade de quem trabalha todos os dias lidando com aquilo que a cidade descarta.
O animal foi retirado às pressas, limpo e acolhido pelos próprios coletores, que interromperam o serviço para garantir que o pequeno tivesse ar, água e um pouco de carinho.
A equipe relatou que, se o caminhão já estivesse em movimento, não daria tempo para o salvamento.
O resgate emociona porque revela o contraste de dois extremos: alguém que descartou uma vida como se fosse lixo, e trabalhadores que, mesmo com a rotina exaustiva e o relógio correndo, escolheram proteger o indefeso.
O caso reacende debates antigos, mas sempre necessários, sobre maus-tratos e abandono de animais em Rondonópolis. Em uma cidade que cresce rápido, ainda é comum ver cães e gatos sendo deixados para trás — alguns encontrados em caixas, outros amarrados em terrenos vazios, e, como hoje, dentro de sacos de lixo. Cada história carrega um pedido silencioso por mais humanidade.
O filhote, que por pouco não teve a vida interrompida, agora está sendo acompanhado pelos profissionais que o resgataram. A intenção é que ele receba atendimento veterinário e, em seguida, seja encaminhado para adoção responsável — longe de qualquer risco e perto de quem entenda o valor de cuidar.
Enquanto isso, fica o apelo à população: maus-tratos são crime, e não existe justificativa para este tipo de crueldade. Denunciar pode salvar vidas — literalmente.
Hoje, no meio da pressa da cidade, três garis pararam o mundo por alguns minutos para ouvir um pedido de socorro que quase passou despercebido.
E graças a eles, Rondonópolis ganhou não só um resgate, mas um lembrete poderoso: ainda existe gente que escolhe o lado certo da história.