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Uma cidade que acordou com o som do impossível

Rio Bonito do Iguaçu: o dia em que o vento levou quase tudo

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Cidades

Na tarde de sexta-feira, 7 de novembro de 2025, o céu do centro-sul do Paraná escureceu como se a noite tivesse chegado mais cedo. Em minutos, o que era só vento virou desespero. Casas se ergueram do chão, árvores voaram como palitos, e o barulho parecia o de um trem atravessando o coração da cidade. Assim, Rio Bonito do Iguaçu entrou para a história como cenário de uma das maiores tragédias climáticas já registradas no estado.

O tornado, classificado inicialmente como F2 pelo Simepar — com ventos entre 180 km/h e 250 km/h —, pode ter ultrapassado essa marca, atingindo intensidade F3 em alguns pontos. O fenômeno varreu praticamente 90% das construções da cidade, segundo a Defesa Civil, deixando ruas irreconhecíveis e famílias inteiras sem casa.

A gente só teve tempo de se abraçar

Entre escombros e lágrimas, histórias de sobrevivência surgem como faróis no meio da destruição.

Por telefone, dona  Eliane, moradora há 40 anos do centro da cidade, contou à nossa equipe que se trancou no banheiro com os filhos quando ouviu o barulho crescendo.

“A gente só teve tempo de se abraçar. O resto, Deus segurou”, disse, com voz trêmula ainda perdidos no horizonte de ruínas.

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Em poucos minutos, o que era bairro virou destroço. As imagens feitas por moradores mostram escolas, igrejas, praças e comércios reduzidos a entulho. Caminhões foram virados, postes retorcidos, e uma cortina de poeira cobriu o município por horas.

A força do vento e a força das pessoas

Os ventos — alguns medidos acima de 250 km/h — deixaram ao menos seis mortos e mais de 130 feridos. A prefeitura decretou situação de emergência e montou abrigos improvisados em ginásios e escolas que ainda restaram de pé.

O governador do Paraná descreveu o cenário como “uma cidade em guerra com a natureza”. Mas, em meio à destruição, o que se vê também é solidariedade. Voluntários chegam de cidades vizinhas com água, comida e roupas. Médicos e enfermeiros trabalham sem descanso, e a população se ajuda como pode, dividindo teto, alimento e esperança.

A ciência e o alerta

De acordo com meteorologistas, o tornado foi formado por uma combinação rara de fatores: calor intenso, umidade elevada e a chegada de uma frente fria pelo Sul do país.

O resultado foi uma supercélula, o tipo de tempestade mais perigoso que existe — capaz de gerar tornados com alto poder destrutivo.

Especialistas alertam que fenômenos assim tendem a se tornar mais frequentes e mais severos à medida que o clima global se desequilibra. É um alerta que ecoa para além das fronteiras do Paraná: o tempo está mudando, e com ele, a urgência de se preparar para um novo padrão de eventos extremos.

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A reconstrução que começa dentro

Agora, enquanto os ventos se acalmam, começa o trabalho mais difícil: reconstruir o que o tornado levou, mas também o que ele abalou por dentro.

Rio Bonito do Iguaçu, com seus cerca de 14 mil habitantes, tenta reorganizar a vida. Escolas terão de ser reerguidas, casas reconstruídas e memórias preservadas.

O som das sirenes vai, aos poucos, dando lugar ao barulho das pás, martelos e caminhões. E no meio disso tudo, a certeza de que o povo paranaense — como tantas vezes — vai se erguer novamente.

Um chamado à empatia

Enquanto a ajuda chega por terra e ar, a mensagem que ecoa de Rio Bonito do Iguaçu é uma só: solidariedade.

Cada doação, cada gesto e cada palavra de apoio são tijolos invisíveis na reconstrução de uma cidade que viu o vento levar quase tudo, mas não conseguiu levar a esperança.

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Filhote jogado no lixo é salvo por garis e comove moradores de Rondonópolis

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Em Rondonópolis, onde as histórias do dia-a-dia se cruzam com a correria da cidade grande e a simplicidade de bairro, uma cena triste amanheceu falando mais alto que o barulho dos caminhões de coleta. Um filhote de cachorro, pequeno demais para entender a maldade do mundo, foi encontrado dentro de um saco de lixo, prestes a ser triturado junto com os resíduos da manhã.

A cena aconteceu nesta sexta-feira (09), no bairro Alfredo de Castro. Os coletores faziam a rotina de sempre — aquele trabalho duro e indispensável — quando um barulho diferente chamou atenção. Um chorinho abafado, tímido, insistente, vinha de uma das sacolas deixadas na calçada.

Antes de lançar o saco para dentro do caminhão, um dos garis decidiu conferir. E ali, escondido entre restos de comida e embalagens, estava o filhotinho, assustado, tremendo, mas vivo.

Uma vida inteira jogada fora — literalmente — mas recuperada pela sensibilidade de quem trabalha todos os dias lidando com aquilo que a cidade descarta.

O animal foi retirado às pressas, limpo e acolhido pelos próprios coletores, que interromperam o serviço para garantir que o pequeno tivesse ar, água e um pouco de carinho.

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A equipe relatou que, se o caminhão já estivesse em movimento, não daria tempo para o salvamento.

O resgate emociona porque revela o contraste de dois extremos: alguém que descartou uma vida como se fosse lixo, e trabalhadores que, mesmo com a rotina exaustiva e o relógio correndo, escolheram proteger o indefeso.

O caso reacende debates antigos, mas sempre necessários, sobre maus-tratos e abandono de animais em Rondonópolis. Em uma cidade que cresce rápido, ainda é comum ver cães e gatos sendo deixados para trás — alguns encontrados em caixas, outros amarrados em terrenos vazios, e, como hoje, dentro de sacos de lixo. Cada história carrega um pedido silencioso por mais humanidade.

O filhote, que por pouco não teve a vida interrompida, agora está sendo acompanhado pelos profissionais que o resgataram. A intenção é que ele receba atendimento veterinário e, em seguida, seja encaminhado para adoção responsável — longe de qualquer risco e perto de quem entenda o valor de cuidar.

Enquanto isso, fica o apelo à população: maus-tratos são crime, e não existe justificativa para este tipo de crueldade. Denunciar pode salvar vidas — literalmente.

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Hoje, no meio da pressa da cidade, três garis pararam o mundo por alguns minutos para ouvir um pedido de socorro que quase passou despercebido.

E graças a eles, Rondonópolis ganhou não só um resgate, mas um lembrete poderoso: ainda existe gente que escolhe o lado certo da história.

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