Barbaridade na escola
Adolescente de 16 anos é apreendido após tentar matar colega dentro de escola estadual em Rondonópolis
Cidades
Uma tarde que deveria ser comum na Escola Estadual Domingos Aparecido, em Rondonópolis, terminou em pânico e correria. Um adolescente de 16 anos foi apreendido em flagrante pela Polícia Civil, suspeito de tentar matar uma colega de 13 anos dentro do pátio da escola, durante o recreio, na segunda-feira (10).
Outro estudante, de 15 anos, também acabou ferido ao tentar impedir o ataque.
De acordo com a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o ato infracional foi premeditado. O rapaz levou um canivete escondido e, sem que ninguém percebesse, desferiu golpes contra a adolescente. Um dos ferimentos atingiu o pulmão da vítima, que foi socorrida em estado grave e segue internada, com o quadro de saúde inspirando cuidados.
O estudante de 15 anos que tentou conter o agressor sofreu um corte na mão, recebeu atendimento médico e já foi liberado. Um terceiro aluno também ajudou na contenção do suspeito, mas não se feriu.
Durante o depoimento, o adolescente apreendido disse que decidiu agir por causa de ofensas que, segundo ele, vinha sofrendo da vítima. Contou que era chamado de “magrelo”, “palito” e “esqueleto”, o que o deixava constrangido diante dos colegas.
Ainda conforme o relato, o ataque estava inicialmente planejado para o dia seguinte, durante uma comemoração de Halloween na escola, mas ele acabou antecipando a ação.
A Polícia Civil apreendeu o canivete utilizado e um caderno onde o menor fazia anotações que revelam o planejamento da agressão.
A equipe da DHPP ouviu testemunhas, alunos e a própria vítima, além de recolher imagens das câmeras de segurança da escola, que serão anexadas à investigação.
O adolescente foi encaminhado à Vara da Infância e Juventude nesta terça-feira (11), onde deve responder por ato infracional análogo à tentativa de homicídio.
A Polícia Civil reforçou, em nota, que está adotando todas as medidas necessárias para apurar o caso e garantir a segurança no ambiente escolar.
Cidades
Filhote jogado no lixo é salvo por garis e comove moradores de Rondonópolis
Em Rondonópolis, onde as histórias do dia-a-dia se cruzam com a correria da cidade grande e a simplicidade de bairro, uma cena triste amanheceu falando mais alto que o barulho dos caminhões de coleta. Um filhote de cachorro, pequeno demais para entender a maldade do mundo, foi encontrado dentro de um saco de lixo, prestes a ser triturado junto com os resíduos da manhã.
A cena aconteceu nesta sexta-feira (09), no bairro Alfredo de Castro. Os coletores faziam a rotina de sempre — aquele trabalho duro e indispensável — quando um barulho diferente chamou atenção. Um chorinho abafado, tímido, insistente, vinha de uma das sacolas deixadas na calçada.
Antes de lançar o saco para dentro do caminhão, um dos garis decidiu conferir. E ali, escondido entre restos de comida e embalagens, estava o filhotinho, assustado, tremendo, mas vivo.
Uma vida inteira jogada fora — literalmente — mas recuperada pela sensibilidade de quem trabalha todos os dias lidando com aquilo que a cidade descarta.
O animal foi retirado às pressas, limpo e acolhido pelos próprios coletores, que interromperam o serviço para garantir que o pequeno tivesse ar, água e um pouco de carinho.
A equipe relatou que, se o caminhão já estivesse em movimento, não daria tempo para o salvamento.
O resgate emociona porque revela o contraste de dois extremos: alguém que descartou uma vida como se fosse lixo, e trabalhadores que, mesmo com a rotina exaustiva e o relógio correndo, escolheram proteger o indefeso.
O caso reacende debates antigos, mas sempre necessários, sobre maus-tratos e abandono de animais em Rondonópolis. Em uma cidade que cresce rápido, ainda é comum ver cães e gatos sendo deixados para trás — alguns encontrados em caixas, outros amarrados em terrenos vazios, e, como hoje, dentro de sacos de lixo. Cada história carrega um pedido silencioso por mais humanidade.
O filhote, que por pouco não teve a vida interrompida, agora está sendo acompanhado pelos profissionais que o resgataram. A intenção é que ele receba atendimento veterinário e, em seguida, seja encaminhado para adoção responsável — longe de qualquer risco e perto de quem entenda o valor de cuidar.
Enquanto isso, fica o apelo à população: maus-tratos são crime, e não existe justificativa para este tipo de crueldade. Denunciar pode salvar vidas — literalmente.
Hoje, no meio da pressa da cidade, três garis pararam o mundo por alguns minutos para ouvir um pedido de socorro que quase passou despercebido.
E graças a eles, Rondonópolis ganhou não só um resgate, mas um lembrete poderoso: ainda existe gente que escolhe o lado certo da história.