Há jovens velhos e velhos jovens. Pra faculdade não tem idade
Pra faculdade não tem idade’: a mensagem que Humberto Ferreira deixou na sua passagem por Cuiabá
Cidades
Na última sexta-feira, 1º de dezembro, o Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor-MT) viveu um daqueles encontros que parecem pequenos na agenda, mas enormes no significado. Cuiabá recebeu a visita de Humberto Ferreira — piauiense, filho de tipógrafo, jornalista desde os 17 anos e, hoje, acadêmico de Jornalismo da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), campus de Tangará da Serra. Uma presença que já chega carregando história, memória e um tipo raro de entusiasmo: o do profissional que não se cansa de recomeçar.
Humberto é conhecido pelos colegas como “o decano”. Não por formalidade, mas por carinho. Ingressou na universidade pouco antes da pandemia, movido por um desejo que emociona quem escuta: entender, nos livros e nas salas de aula, a profissão que já pratica há mais de meio século. Sempre que perguntado, ele devolve com sabedoria de quem viveu muito:
“Há jovens velhos e velhos jovens. Pra faculdade não tem idade.”
Um começo silencioso na Catedral e uma conversa que virou almoço
A agenda, que seria apenas pessoal, ganhou novos contornos quando Humberto encontrou o presidente do Sindjor-MT, Itamar Perenha, na Catedral Senhor Bom Jesus. Ali, entre bancos antigos, luz baixa e o barulho suave da cidade atravessando as portas, os dois dividiram um momento de silêncio — daqueles que lembram que a vida também é feita de pausas.
“Na correria da presidência, aquele encontro foi uma lembrança profunda do divino que habita cada um de nós”, contou Itamar.
Da Catedral, vieram caminhando até a Praça Alencastro. O café puxou uma prosa longa, que foi crescendo, ganhando risadas e memórias, até virar almoço. E ali, entre pratos simples e histórias gigantes, Humberto abriu sua trajetória como quem folheia um livro que ainda está sendo escrito.
O acadêmico mais experiente e o jornalista que nunca parou
No meio da conversa, ele contou sobre a decisão de entrar na UNEMAT — onde passou em segundo lugar — incentivado pelo professor e escritor Gibran Lachowsky. Falou também do orgulho recente: o registro profissional de jornalista (DRT) conquistado conforme a legislação vigente.
Pequena conquista para alguns. Marco histórico para quem vive o jornalismo como missão.
A partir daí, a mesa virou incubadora de ideias. Projetos para valorizar comunicadores de todas as regiões de Mato Grosso surgiram entre uma lembrança e outra: repórteres de pequenas cidades, fotógrafos de estrada, apresentadores que seguram sozinhos a programação de rádios comunitárias — profissionais que sustentam, com coragem e criatividade, o elo entre suas comunidades e a informação.
Um lembrete necessário: o jornalismo não tem idade, mas tem alma
Itamar ouviu, sorriu, anotou e resumiu o sentimento num pensamento que ficou ecoando:
“Humberto é a prova viva de que o jornalismo é vocação, entrega e, acima de tudo, aprendizado contínuo.”
O Sindjor-MT registrou o encontro com a certeza de que não foi apenas um almoço. Foi uma lição. Um lembrete de que o jornalismo mato-grossense é tecido por profissionais de todas as idades, sotaques, histórias e ritmos. E que cada um deles merece reconhecimento — do mais jovem ao mais experiente.
Humberto, sempre discreto, saiu deixando uma frase que, se pudesse, cairia impressa nas paredes das redações:
“Pra faculdade não tem idade. E pro Jornalismo, muito menos.”
A partir de agora, as ideias compartilhadas na mesa do bar entram para a pauta da diretoria do Sindicato — inspiradas pela energia vibrante do acadêmico mais experiente da UNEMAT, que segue mostrando, todos os dias, que aprender é o gesto mais jovem que alguém pode ter.
Cidades
Filhote jogado no lixo é salvo por garis e comove moradores de Rondonópolis
Em Rondonópolis, onde as histórias do dia-a-dia se cruzam com a correria da cidade grande e a simplicidade de bairro, uma cena triste amanheceu falando mais alto que o barulho dos caminhões de coleta. Um filhote de cachorro, pequeno demais para entender a maldade do mundo, foi encontrado dentro de um saco de lixo, prestes a ser triturado junto com os resíduos da manhã.
A cena aconteceu nesta sexta-feira (09), no bairro Alfredo de Castro. Os coletores faziam a rotina de sempre — aquele trabalho duro e indispensável — quando um barulho diferente chamou atenção. Um chorinho abafado, tímido, insistente, vinha de uma das sacolas deixadas na calçada.
Antes de lançar o saco para dentro do caminhão, um dos garis decidiu conferir. E ali, escondido entre restos de comida e embalagens, estava o filhotinho, assustado, tremendo, mas vivo.
Uma vida inteira jogada fora — literalmente — mas recuperada pela sensibilidade de quem trabalha todos os dias lidando com aquilo que a cidade descarta.
O animal foi retirado às pressas, limpo e acolhido pelos próprios coletores, que interromperam o serviço para garantir que o pequeno tivesse ar, água e um pouco de carinho.
A equipe relatou que, se o caminhão já estivesse em movimento, não daria tempo para o salvamento.
O resgate emociona porque revela o contraste de dois extremos: alguém que descartou uma vida como se fosse lixo, e trabalhadores que, mesmo com a rotina exaustiva e o relógio correndo, escolheram proteger o indefeso.
O caso reacende debates antigos, mas sempre necessários, sobre maus-tratos e abandono de animais em Rondonópolis. Em uma cidade que cresce rápido, ainda é comum ver cães e gatos sendo deixados para trás — alguns encontrados em caixas, outros amarrados em terrenos vazios, e, como hoje, dentro de sacos de lixo. Cada história carrega um pedido silencioso por mais humanidade.
O filhote, que por pouco não teve a vida interrompida, agora está sendo acompanhado pelos profissionais que o resgataram. A intenção é que ele receba atendimento veterinário e, em seguida, seja encaminhado para adoção responsável — longe de qualquer risco e perto de quem entenda o valor de cuidar.
Enquanto isso, fica o apelo à população: maus-tratos são crime, e não existe justificativa para este tipo de crueldade. Denunciar pode salvar vidas — literalmente.
Hoje, no meio da pressa da cidade, três garis pararam o mundo por alguns minutos para ouvir um pedido de socorro que quase passou despercebido.
E graças a eles, Rondonópolis ganhou não só um resgate, mas um lembrete poderoso: ainda existe gente que escolhe o lado certo da história.