Política Nacional
Girão questiona linha editorial da comunicação do Senado
Política Nacional
O senador Eduardo Girão disse nesta segunda-feira (11) estar preocupado com movimentos que poderiam controlar a comunicação no país. Em discurso no Plenário, ele deu como exemplo o julgamento da responsabilização das redes sociais, marcado para o dia 27 deste mês, no Supremo Tribunal Federal (STF). Também apontou a alteração de títulos de duas matérias da Agência Senado publicadas recentemente, que, no seu entender, teriam suavizado críticas e cobranças feitas por ele em discursos no Plenário da Casa.
A primeira matéria destacada pelo senador, publicada no final de outubro, tratava de um pronunciamento dele que indicou suposto conflito de interesses de advogados do Senado que teriam atuado em causas no STF. Para o senador, a mudança do título publicado originalmente “aliviou a crítica”, o que seria indício de censura interna e uma forma de proteção a “poderosos” – ainda que o texto da reportagem não tenha sido alterado.
— Inicialmente, foi feita a publicação da síntese do conteúdo com a seguinte manchete, que estava correta porque representava o espírito daquilo que eu falei da tribuna, uma crítica, e uma crítica com ação: ‘Girão questiona Pacheco sobre conflito de interesse de advogados do Senado no STF’. Algum tempo depois, misteriosamente, a própria Agência Senado, mesmo mantendo inalterada a síntese do conteúdo do pronunciamento, fez uma grande alteração na manchete para ‘Girão pede esclarecimentos sobre parecer contrário a impeachment de Moraes’. Percebeu como a mudança aliviou a crítica que eu estava fazendo? Como mudou a semântica? Vamos ter censura aqui dentro desta Casa também? — questionou.
Girão contou que uma matéria publicada pela Revista Oeste apontou que advogados ligados ao Senado teriam atuação em escritórios que representam clientes com processos em tramitação no STF. Para ele, essa situação configura conflito de interesses, especialmente nas ações relatadas pelo ministro Alexandre de Moraes, alvo frequente de pedidos de impeachment no Senado.
O senador disse também que, na semana passada, em um outro pronunciamento feito por ele em Plenário, a Agência Senado teria novamente atenuado sua crítica. Segundo ele, o título da reportagem destacou que o senador havia criticado o julgamento marcado para este mês, no STF, sobre a responsabilização de redes sociais, mas desconsiderou seu alerta sobre uma possível tentativa de controle dessas plataformas pelo Supremo e pelo governo.
Girão ressaltou a importância de se manter um espaço democrático nas redes e alertou que qualquer tentativa de regulação ou controle pode representar uma ameaça à liberdade de expressão no país.
— Vou continuar criticando, porque o que querem é amordaçar, para ter só esses veículos tradicionais da mídia tradicional, que está dando sinais para o mundo inteiro. O jornalista que tem o seu viés político, tem os seus candidatos, tem o seu grupo político, com que ele se sintoniza. Isso é normal do ser humano. Mas precisa ouvir os dois lados e precisa ter imparcialidade e traduzir aquilo sem dourar a pílula do que o parlamentar está denunciando aqui.
O senador voltou a reclamar de decisão tomada pela Mesa do Senado no sentido de só permitir a abertura de sessões não deliberativas se algum dos membros do colegiado estiver presente no Plenário. Para ele, a decisão reduz o espaço de manifestação dos senadores, já que as sessões não deliberativas destinam-se, justamente, a pronunciamentos dos parlamentares.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
Fonte: Agência Senado
Cidades
Na COP30, o futuro é verde. O diesel também.
Belém está de portas abertas para o mundo na COP30, a conferência que promete salvar o planeta, redefinir o futuro energético e, claro, inspirar discursos emocionados sobre sustentabilidade. Tudo isso embalado por nada menos que 160 geradores a diesel — sim, diesel mesmo, aquele cheirinho clássico de progresso dos anos 80 que muitos acreditavam ter ficado no passado.
É quase poético: líderes globais debatendo sobre a urgência da transição energética, enquanto o ronco afinado dos geradores ecoa nos bastidores. Se alguém fechar os olhos, vai até se sentir num rally ecológico: poeira, fumaça e muita adrenalina climática.
Mas calma, é tudo por uma boa causa. Segundo os organizadores, trata-se de uma “solução temporária”. Afinal, nada mais temporário que um investimento generoso em combustíveis fósseis durante o maior evento ambiental do planeta — tradição é tradição, né?
Moradores locais, já acostumados com apagões e promessas, olham para essa frota de geradores com aquele sorriso confuso de quem não sabe se ri, se protesta ou se pergunta quando é que a energia limpa chega de verdade. Enquanto isso, os visitantes internacionais recebem uma aula prática sobre o funcionamento da economia brasileira: improviso, criatividade e muito diesel para não deixar a peteca — nem o planeta — cair.
No fim das contas, a COP30 já começou deixando uma mensagem poderosa: o futuro é sustentável, mas o presente ainda precisa de um empurrãozinho… ou 160. Porque, no Brasil, até a transição energética tem jeitinho.